segunda-feira, 3 de março de 2008

Discurso Paraninfo - Bacharéis em teologia 2008

Meus queridos amigos – permitam-me tratá-los desta maneira - hoje é um dia de celebração, pois vocês deram o primeiro passo de uma longa jornada e a escolha não poderia ser melhor, de fato optaram pelo melhor caminho, o da peregrinação teológica que conduz à beleza insondável do Deus que se fez homem e que montou sua tenda entre nós. Avizinhando-se.

Parabéns pela coragem, não são todos que saem ilesos desta experiência e, sinceramente, espero que com vocês não seja diferente.

Mas o caminho da peregrinação - não se enganem - não é uma reta objetiva e previsível, como tantos ditos mestres ensinam, se assim fosse não teria a menor graça, não acham?

Ele apresenta os seus becos, suas vielas, suas subidas e descidas, seus percalços, seus campinhos de futebol, suas casas, enfim, a vida perpassa a estrada a ser pisada.

Muitos trilharam e, de tão obcecados em terminar a viagem, não perceberam que crianças jogavam bola irreverentemente, empinavam pipas, rodavam pião e brincavam de esconde-esconde; tampouco prestaram atenção nos velhos, esquecidos pelos familiares, ávidos para que alguém escutasse suas histórias; muito menos se deram conta do sorriso inocente estampado no rosto banguela dos anônimos que displicentemente "atrapalhavam" o percurso.

Outros percorreram com triunfalismos estapafúrdios e não entenderam que não há garantias pré-estabelecidas. Para os que ousam se aventurar é, literalmente, um salto no escuro, como diria o escritor da epístola aos hebreus, que ninguém sabe quem é, “é a certeza da espera do que não vemos”.

Alguns até tentaram enchergar e cantar enquanto andavam, mas foram ofuscados e silenciados em sua andança pela simples promessa de assegurarem o status quo adquirido, lembrem-se da parábola dos talentos, não se deve enterrar os sonhos com o objetivo de preservá-los é preciso vivê-los.

Portanto, caríssimos teólogos, nossa teologia do caminho não pode ser surda aos acordes da música da vida, não pode ser isenta dos riscos da aventura humana, não pode ser insensível ao choro dos oprimidos e nem tampoco cega quanto as estruturas perversas que escravizam a civilização planetária.

Que possamos trilhar o benfazejo caminho do Reino de Deus com os pés no chão e de preferência descalços.

Deus abençoe a todos!

Obrigado.